Detetive - 2ª edição

O Assassino escreveu:Jo. acorda num quarto vazio. As paredes, o chão e o teto são todos perfeitamente iguais. Escuros, lisos e brilhantes, como um espelho tingido de negro.

“O-oi?”

Eu não digo nada, apenas a observo.

“Tem alguém aí?”

Ela caminha descalça pelo quarto, correndo a mão pelas paredes. Ela vê o seu reflexo e eu observo satisfeita a sua expressão assustada. Exatamente como eu planejava.

“Onde eu estou?” ela grita agora, quase à beira de lágrimas.

“Você se lembra de como chegou aqui?”

Minha voz chega a ela vinda de todos os lados. Alta o suficiente para atordoa-la.

“Não! Onde eu estou? Que lugar é esse, eu só quero…”

Eu a interrompo.

“Resposta errada”

As paredes começam a brilhar. Não mais escuras, agora emanam a luz branca e cegante. Ouço os seus gritos e a vejo cobrindo os olhos. A corrente elétrica chega a seus pés logo em seguida. É rápido. Ela merecia um fim rápido.

Quando as luzes se apagam, o corpo de Jo. ainda estremece e suas extremidades estão chamuscadas.

Antes que o próximo convidado chegue, o quarto já estará pronto para recebê-lo.

.w. escreveu:Essa morte tem alguma coisa de filme de terror que meu instinto de burro tá apitando. Esse negócio do espelho tingido tem em algum filme ou série?  

A Assassina escreveu:Eu poderia ter seguido o mesmo roteiro, mas sei que logo iria me entediar com aquilo. O meu primeiro trabalho tinha sido tão eficiente - eu capturara e eliminara Jo. sem deixar rastros - logo, um pouco de variedade seria bem vinda.

Quando Jeh abre os olhos, a primeira coisa que ela vê sou eu, encarando-a de volta.

“Bem-vinda”

Ela tenta conter um grito e luta contra as amarras que a prendem a cadeira.
“Quem é você? Onde eu estou?”

Ela tem medo, mas a raiva parece ser mais forte. Se ela conseguisse se soltar, iria me atacar sem hesitação. Mas não adiantaria nada. Ninguém sai desse quarto sem a minha permissão.

“Você é a minha convidada. Acalme-se, por favor”

“Eu não vou me acalmar! Você vai me dizer o que está acontecendo, agora!”

Eu suspiro, levemente irritada.

“Você podia ter simplesmente feito o que eu pedi”

Caminho para longe da cadeira e ela continua se debatendo. Chegou a hora.

Por um compartimento em uma das paredes, sai uma flecha de metal que atinge Jeh precisamente em seu coração. Ela morre em segundos.

Eu deixo o quarto, ciente de que ele precisará estar pronto em breve para nosso próximo convidado.

Fragoso - o Frango escreveu:"Alô? Aqui quem fala é o Frango" - vira para a câmera e diz colocando óculos escuros: "Tem asa mas não voa e fica gostoso que só com bacon por cima"  
"Aqui é a Jo e eu tenho um problema."
"Um problema? Melhor eu chamar o senhor Dillon." Frango lixa as unhas, percebe que uma está lascada e que borrou o esmalte no collant com penas brancas. Não está mais de óculos escuros.
"Já sei! Vai chamar o Bob Dylan para me escrever uma canção?" Jo diz do outro lado da linha impaciente.
"Mas é claro que não. Tenho essa banca toda. Cê vai conseguir um Felipe Dylon e Musa do Verão que é o que dá pra te arrumar." Frango diz com a boca cheia de coxinha, porque ser um frango deu fome.
"Eu morri!"
"Ué, volta. Eu sou só um anjo vestido de frango." Olha para a câmera: "De quem foi de vestir um paladino dos céus de frango, hein? Ah, da audiência. Vou trabalhar para a Lady Gaga que eu ganho mais e visto coisa melhor! Como assim eu vou ter que pagar multa?" percebe que Jo ouviu tudo o que dissera. "Olha, Jo, para você não contar para os meus superiores que eu ando fazendo uns acordos que não constam na minha vida de anjo, eu te mando de volta, tudo bem?"
Jo assente desesperadamente.
"Mas uma condição: na tua próxima morte, pode me trazer uns pedacinhos de bacon do bom? Porque os que têm aqui são um lixo e não ficam gostosos com os ovos que eu botei semana passada e..." olha ao redor "eita, ela desmaiou." Foca em outro ponto. "Faz o quê agora? Chama os comerciais?" Postura profissional. "Fiquem com os comerciais!" Super sorriso brilhante.
Ao fundo, ouve-se "Devia ter feito propaganda de pasta de dente."

Shakinha escreveu:Alguma coisa nesse assassino me lembra Jogos Mortais.
Mds, esse anjo... kkkkkkkk Morri com ele.

Jo. escreveu:Obrigada Sr.Fragoso, o Frango (embora não consiga ultrapassar a imagem mental de um frango a comer bacon,   atenderei ao seu pedido).
A morte lembrou-me Saw.

A Assassina escreveu:Meu parceiro de negócios analisa atentamente as paredes do quarto. Minha casa de espelhos, como eu gosto de chamá-lo.

“Fascinante”

“Eu sei. Nem eu imaginei que seria capaz de construí-lo, mas como você viu, estamos a caminho do nosso terceiro resultado perfeito”

“Eu gostaria de vê-lo funcionando de perto”

“Mas é claro, preparei algo especial para hoje, já que meu convidado de honra está aqui”

Ele revira os olhos para mim.

“Você não é esse tipo de convidado”
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“Isso é só um sonho. Isso é só um sonho. Isso é só um sonho”

Desde que acordou no quarto, Nasuke repete essa frase incessantemente. Ela nem tentou dar uma volta, ou descobrir onde está. De certa forma, isso me comove.

“Posso te garantir que isso não é um sonho”

Dessa vez, é a voz do meu cúmplice que enche a sala. Ele tem o direito de participar afinal, sem a ajuda dele, eu não estaria aqui.

“Quem é você? O que quer comigo?”

Foi uma boa pergunta. Dessa vez, eu respondo.

“Assistir”

Eu e meu cúmplice ativamos o equipamento juntos.

À frente de Nasuke, uma série de imagens é projetada no material brilhante da parede. Linhas, formas, tudo rápido demais para compreender. Mas ela se distrai tempo o suficiente.

A bala a atinge na nuca. E então ela não vê mais nada.

Fragoso - o Frango escreveu:"Bom dia, crianças! Eu sou Fragoso o Anjo-Frango e vocês estão no-" Frango para e coça o enfeite de cabeça que parece crista "Isso é a vida real? Cê jura que eu não tô num mar de fanta, Marilene? Eu vou no Xou da Xuxa? Eu vou conhecer a Xu e andar na nave? E daí que eu tenho asas, Marilene? Quem se importa com- o quê?" Frango tira a fantasia de paquita que vestia num rasgo e pega o telefone resmungando.
"Assistência aos mortos; sim, você está morto. Meu nome é Fragoso, o Frango Celestial com quem eu falo?"
"Alô, meu nome é Jeh e eu morri."
"Jeh, querida, está constando aqui que você teve uma intoxicação alimentar com uma flecha. Procede?"
"EU FUI FLECHADA, SEU FRANGO MALUCO!"
"Senhora, vou estar corrigindo essa informação no sistema e a linha estará ficando muda por alguns instantes, tudo bem?" A linha fica muda sem Jeh responder. "Marilene, me ajuda que eu não sei o que eu faço! Como assim a culpa é minha que ela morreu? Eu estava implorando por uma chance na figuração do novo filme do Babenco e- COMO ASSIM ELE MORREU? O que eu faço, mulher?"
Frango olha para a câmera e percebe estar sendo filmado. "Desliga isso! Estou surtando aqui." Barulho de luta e vários gritos de "Marilene acode"
"Frango? Você está aí?"
Frango coloca os fones e finge ser profissional.
"Estou, querida. Olha, aqui consta que você não deveria estar morta, então vou estar te retornando ao mundo dos vivos. Tudo bem?"
"Claro!"
"As taxas serão de 132,76 reais por minuto da ligação que durou 14 minutos e 23 segundos; ou seja, 15 minutos. Isso será debitado na sua conta, quer parcelar, querida?"
"Eu não vou pagar se o erro foi seu!"
"Tudo bem, então você me faz dois favores? Me arruma o telefone do Fernando Meirelles e me traz uma peça de lombo canadense? Porque, menina, eu não nasci pra viver de cânticos... Não te mete, Marilene!"
A linha ficou mais uma vez muda.