Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Nome da Fic: Drinking 101
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Item: Pai
Eu tô com muito medo do Draco estar muito OOC, mas eu não consigo imaginar ele menos amorzinho que isso depois de The Cursed Child, desculpem. E relevem, por favor. É universo alternativo, o que me deu mais liberdade pra explorar os personagens. Faz menção a Pinhãozinho, mas a fanfic é toda family e boba e...
Ah, eu ainda não betei e nem revisei, então ignorem os erros também. Eu escrevi em uma tarde e achei bem meh, mas é a intenção que conta. q
É isso. -q
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Item: Pai
- Spoiler:
- Capítulo Único— Pai… Eu acho que essa não é uma boa ideia.
Scorpius Malfoy falou assim que se sentou na sua poltrona favorita da sala de estar, se remexendo desconfortável de um lado para o outro no estofado branco. Enfiou os dedos gordinhos nos cabelos lisos, tentando ocupar suas mãos com alguma coisa, já que se recusava a se inclinar até a mesinha de centro que estava entre seu pai e ele e alcançar uma taça de vinho à sua frente.
Nunca tinha colocado uma gota de álcool sequer na boca. Aquilo era um pouco assustador.
Draco, sentando na poltrona em frente, nem deu atenção ao filho. Só girou os olhos acinzentados, tão idênticos aos de seu herdeiro, e sorriu de um jeito elegante e orgulhoso. Pegou a garrafa de vinho na mesa entre eles com cuidado, como se fosse a coisa mais cara do mundo, o que Scorpius não duvidava que fosse verdade.
— Você age como se fosse a coisa mais absurda do mundo, filho. — Draco balançou a cabeça, fazendo a sua franja loira se mover de leve. Depois de espantar alguns fios de perto dos olhos, pegou o saca-rolhas e continuou a falar enquanto abria o vinho: — Foi você que me falou que queria beber, não foi? Eu só estou sendo o pai legal e fazendo isso com você.
Scorpius gemeu, não acreditando que aquilo estava mesmo acontecendo.
Realmente tinha falado, no jantar de alguns dias atrás, que queria experimentar algumas das bebidas de cores estranhas do bar pessoal do pai qualquer dia. Era para ser uma piada, um daqueles momentos em que os filhos tentam se rebelar e recebem uma bronca de seus pais, mas não foi aquilo que aconteceu. Draco pousou os talheres no prato e olhou para Scorpius como se ele tivesse três cabeças. O silêncio que se seguiu foi estranho porque o adolescente não sabia como quebrá-lo, então pai e filho só ficaram se encarando sem piscar, como se tivessem em uma competição para ver quem ficava parado por mais tempo.
Obviamente, Scorpius perdeu. Seu pai nunca abaixava os olhos para ninguém.
Foi então que Draco limpou a garganta, como se aquilo não fosse nada demais, e deu de ombros ao responder: “Tudo bem, nós vamos beber no final de semana”.
E ali estavam eles.
O herdeiro Malfoy estava desesperado. Ele nem tinha tanta vontade assim de beber, embora todos os garotos da sua idade já o fizessem. Nem mesmo tinha tomado vodka com Albus, seu melhor amigo, quando James, o irmão mais velho dele, surrupiara uma das garrafas do escritório do pai - o que tinha sido uma péssima decisão, já que James e Albus tinham sido pegos e arrumado uma confusão gigante com tio Harry.
“Eu não acredito que você deu vodka pro seu irmão, James Sirius”, Scorpius o ouviu dizer enquanto esperava na cozinha com Albus, tão altos eram os gritos de Harry Potter. “Imagina só se o Scorpius tivesse bebido também? Que explicação eu ia dar para Malfoy? Que eu [/i]embebedei o filho dele, sendo que a nossa relação não é lá das melhores?”
Era daquele jeito que pais agiam. Scorpius via seus - poucos - amigos passarem por aquilo, assim como via acontecer na TV e na literatura também. Por que seu pai tinha que ser diferente?
Não era por mal que Scorp pensava aquilo - ele amava seu pai, realmente o amava. Draco Malfoy era, sem dúvida, o pai mais legal de todos os tempos. E era por isso que eles eram amigos, por mais deprimente que fosse ter o próprio pai como confidente. Scorpius nunca tinha entendido todas aquelas confusões adolescentes, de filhos gritando que odiavam seus pais com todo o rancor do mundo, porque Draco nunca havia lhe dado motivos para aquilo. Eles assistiam TV juntos, riam juntos, passeavam juntos e ainda havia as viagens. Draco era um ótimo ouvinte, por mais que o restante do mundo insistisse em julgá-lo como esnobe - e talvez ele realmente fosse, porque seu pai virava o nariz para tudo e todos, mas até disso Scorpius gostava. Era engraçado. Provavelmente, todo o tato de Draco tinha sido usado na criação do próprio filho, o que explicava o fato de que ele era péssimo socializando.
Então, no fim das contas, não era tão surpreendente assim que seu pai estivesse sendo tão legal com o assunto bebidas. Mas não queria dizer que Scorpius estava tão tranquilo e aberto em relação àquilo - estava tremendo por dentro. Que tipo de desastre poderia sair daquela noite?
— Meu Deus, pai, você é muito esquisito. — O adolescente verbalizou seus pensamentos, fazendo com que Draco risse de leve, nem se dando trabalho de levar aquilo como uma crítica. Sabia que seu garoto não estava falando sério. — Por que você não pode ser normal e, sei lá, me proibir de beber e ir pra shows e dizer que vai me deserdar se eu engravidar alguma menina?
Draco riu mais uma vez, nem um pouco preocupado, e Scorpius sorriu, percebendo como o que tinha falado não fazia sentido.
Seu pai parecia bem relaxado naquela noite, o que era bom, já que nos últimos dias ele estava se irritando tanto com algum problema no escritório. Draco flexionou uma das pernas e a apoiou no joelho, e o adolescente sabia que ele apenas estava agindo normalmente. Eles nunca tinham que fingir ser o que não eram quando estavam juntos. E, quando estava com o filho, Draco não precisava ser o idiota corporativo que era de segunda à sexta, das oito da manhã às cinco da tarde, sendo extremamente polido e sorrindo para idiotas por pura educação.
— Eu acho que Rose Weasley não é idiota para ser mãe antes dos dezoito. Isso estragaria os planos dela. Tenho certeza que ela é mais chata nesse ponto que eu. E você não é nenhum idiota também.
— Esse é um bom ponto. — Scorpius fez uma careta, não querendo pensar em Rose. Sua namorada era a última pessoa que queria ver na sua frente naquele momento, ganhando até mesmo de seu pai. E olha que eles estavam em uma situação constrangedora. — Mas o senhor sabia que camisinhas só funcionam em 97% das vezes? É algo pro senhor pensar.
Draco arregalou os olhos, arqueando as sobrancelhas loiras, e Scorpius sorriu largo. Adorava quando pegava o pai de surpresa, arrancando aquelas reações espontâneas que eram tão raras.
— Isso é sério? — Draco perguntou, ainda descrente, começando a encher as taças deles com um vinho tinto de nome estranho que Scorp nunca saberia pronunciar. — Eles deveriam colocar no rótulo!
Scorpius gargalhou, bem mais à vontade, tanto que nem voltou a ficar tenso quando pegou a taça que o homem mais velho lhe oferecia. Olhou para o vinho e ficou pensando no que fazer. Deveria beber ou…?
— E eles colocam na embalagem. Pode olhar.
Draco Malfoy fez uma careta, voltando para o próprio lugar.
— Eu nem quero saber aonde você anda aprendendo isso, Scorpius. Realmente não quero.
Em horas como aquela, Scorp se odiava por ser tão tímido. Antes que pudesse se controlar, sentiu suas bochechas esquentando. Não era como se pudesse se esconder atrás de uma almofada qualquer - Malfoys nunca se escondem -, então só fingiu que nada estava acontecendo e girou o vinho na taça, como via o pai fazer tantas vezes, e inalou o cheiro forte que invadiu suas narinas.
— Eu aprendi assistindo FRIENDS! — Se defendeu, não gostando daquela insinuação nas palavras do pai. — Oitava temporada, no episódio em que a Rachel vai contar pro Ross que tá esperando um filho dele. Depois de assistir, eu fui checar, né.
Não sabia o que era pior - conversar indiretamente sobre sexo com seu pai ou não ter nada para contribuir com o assunto, já que era um virgem estranho que ficava assistindo sitcoms ao invés de ficar se pegando com a sua namorada.
Draco devia ter pensado a mesma coisa, já que riu alto, balançando a cabeça negativamente para o filho.
Talvez aquela fosse a forma dele de mostrar desapontamento - que garoto se dezessete anos ainda era virgem nos dias atuais? -, talvez fosse a forma dele de mostrar que só não se importava.
— E é exatamente por isso que eu não me preocupo com você engravidando uma garota, filho. — Draco falou, mas não havia qualquer tom de deboche na voz dele. Muito pelo contrário - ele sorria pequenino, divertido. Scorpius riu.
Voltou a encarar seu vinho, querendo mudar logo de assunto. Continuar naquele papo sobre sexo só o tirava ainda mais da sua zona de conforto. Se é que aquilo era possível.
— E agora? O que eu faço?
— Você bebe. Só não vire tudo de uma vez.
— Você não devia me mandar cheirar a rolha ou algo do tipo? — O rapaz perguntou, curioso, se lembrando que sempre via pessoas fazendo aquele ritual.
— Não vai adiantar de muita coisa. — O pai explicou, dando o primeiro gole no seu vinho. Fechou os olhos, como se o estivesse saboreando, e os movimentos dele eram graciosos de um jeito que os de Scorpius nunca iriam ser. Ele não fez nem uma careta, o que fez o garoto se questionar sobre o gosto ser suave. Ou talvez seu pai apenas tinha se acostumado com o gosto forte. — Se a rolha estiver seca, significa que a garrafa estava de pé, o que é um crime. Nem pense em fazer isso algum dia, garoto. E se estiver muito molhada, significa que entrou mais ar do que deveria. Nesse caso, pode jogar a garrafa fora que não vai servir pra porcaria nenhuma.
Seu pai falava com tanto desdém, como se algumas pessoas fossem hereges pelo simples fatos de não cuidarem de um vinho da maneira certa, que Scorpius gargalhou com o crispar de lábios dele e com o nariz franzido. Ele tinha as melhores expressões de desgosto de todo o mundo. O mundo seria um lugar muito mais divertido se Draco Malfoy fosse um meme, Scorp pensou.
— Ok… Então nada de cheirar a rolha?
— Nada de cheirar a rolha. — Draco confirmou, voltando a relaxar seu corpo. Deu mais gole na sua bebida. — Mas nunca segure a taça pelo copo e sim pela haste. Isso evita o vinho de esquentar, o que é nojento.
— Pela haste. Entendi. — Scorpius concordou, distraído, falando mais consigo mesmo do que com o patriarca. — E agora eu só bebo, então?
— Bebe isso logo, moleque. — Draco o apressou, atraindo a atenção do garoto. — O vinho não vai te engolir inteiro.
Scorpius riu, ainda tímido, mas cedendo aos poucos à curiosidade - pequena, mas existente - que tinha de provar algo com álcool. Será que era doce? Ruim? Amargo? Muito forte?
Cansado das próprias perguntas, o Malfoy mais novo entornou um bom gole de vinho, engolindo-o na mesma hora. Esperou.
Em um primeiro momento, não sentiu nada de estranho. Estava até começando a pensar que aquelas caretas que as pessoas faziam ao beber eram exageradas, só para não fazer os seus filhos menores de idade ficarem com vontade também, e foi então que a sua garganta começou a queimar.
Muito.
Scorpius começou a tossir loucamente, sentindo o álcool queimar suas narinas, se arrependendo profundamente de ter começado com gole tão generoso.
À sua frente, seu pai riu com gosto, se deleitando com a cena, tanto que até jogou a cabeça para trás. Toda a postura Malfoy tinha sido deixada de lado.
Scorpius estreitou os olhos claros para ele, irritado, mas isso não abalou Draco Malfoy.
Aparentemente, a sessão de “passando vergonha na frente do meu próprio pai” tinha começado mais cedo do que o adolescente esperava.XScorpius descobriu, na hora que se seguiu, que a parte mais agradável de beber era a conversa que acompanhava o álcool.
Ele tinha colocado um CD antigo para tocar e agora estavam os dois ali, seu pai e ele, cantando Bonnie Tyler baixinho em meio à risadas.
Estava no meio da sua segunda taça e ainda estava tudo bem. Tinha medo de não ser nada resistente ao álcool e se tornar a vergonha da família Malfoy, que sempre fora conhecida por suas reuniões em meio a taças e mais taças de vinhos - nos quais Lucius, seu avô, sempre tinha conseguido ótimas negociações, segundo seu pai -, e seria bom levar o legado para frente. Ou pelo menos manter aquele dom.
Não se sentindo mais pressionado, com medo de agir de uma forma inadequada na frente de seu pai, Scorp estava com as pernas jogadas em cima do braço da poltrona, meio deitado. Não era tão espaçosa assim, mas ele gostava daquela posição e não a achava incômoda, o que era ótimo. Girou o vinho na taça mais uma vez, fazendo daquele seu ritual pessoal. Gostava de ver o líquido escuro se mexendo em círculos, tão bonito contra o vidro da traça, em um movimento constante e meio hipnótico. Ainda tinha medo de segurar o objeto pela base e derrubar todo o conteúdo dele - já imaginava seu pai surtando com aquela poltrona caríssima e extremamente clara manchada -, mas estava se tornando mais confiante em manuseá-lo.
— Por que o senhor decidiu fazer isso por mim? — O adolescente perguntou, encarando o pai nos olhos. Viu certa confusão neles, o que o fez voltar a falar: — Me ensinar a beber. O vovô fez isso também?
— Foi justamente porque meu pai não fez isso por mim que eu resolvi fazer por você. — Draco explicou, não mais se sentindo mal por tocar naquele assunto. Há muito tinha parado de se culpar e remoer todos os problemas com seu pai, todas as coisas ruins pelas quais tinham passado, o que era basicamente toda a vida dos dois, tendo que conviver juntos. A chegada de Scorpius havia dado a ele a chance de ser um pai diferente do que Lucius tinha sido. Tinha dado a Draco a oportunidade de realmente amar uma pessoa e criá-la, como um filho, não só como um herdeiro que tinha o seu sangue. — O meu primeiro porre foi terrível, você não faz ideia. Teria sido muito menos desastroso se meu pai tivesse estado lá pra mim.
— Qual é, não pode ter sido tão ruim assim. — Scorpius retrucou, tentando soar divertido, com medo de que seu pai ficasse triste com aquele assunto. — Me surpreenda.
A provocação por trás das palavras de Scorp e seu queixo erguido, quase como se o estivesse desafiando, fez seu pai sorrir. Draco terminou de beber o líquido na sua taça, colocando-a de volta na mesa. Uma pausa no álcool era importante, afinal, não queria ficar bêbado naquela noite.
— Eu tinha quinze. Estávamos Zabini, Parkinson, Nott e eu. Eu já te falei que era um adolescente estúpido, e você sabe da necessidade absurda que os jovens têm de tentar provar que podem tudo. — Draco girou os olhos. — Mas enfim. Eu era idiota, Pansy também, até que nós decidimos juntar essa idiotice e nos agarrar em um banheiro sujo com cheiro de urina.
— Não acredito! — O mais novo exclamou, se endireitando no sofá na mesma hora, gargalhando com aquela imagem mental. — Você e a tia Pansy? Isso é nojento.
— Nem me fale. — Seu pai concordou com a voz arrastada, pesaroso, o que só fez sua cria se deleitar ainda mais com a história. — Resumindo a história, eu bebi muito mais do que devia whisky só porque via meu pai bebendo e achei que seria fácil. Minha primeira vez foi naquele banheiro nojento e eu nem me lembro direito. Tudo o que tenho são flashs. Sua tia Pansy ficou no meu pé por anos, até que eu me casei com a sua mãe, e eu vomitei nos meus próprios sapatos quando cheguei em casa.
Draco ocultou a parte em que seu pai, ao vê-lo naquele estado lamentável, apenas tinha pedido para algum empregado jogá-lo no banheiro mais próximo da mansão Malfoy e proibido sua mãe de socorrê-lo. Narcissa, indo contra as ordens do marido, pediu para Winky, sua empregada de confiança, entregar algumas aspirinas para Draco e dizer que ela o amava.
Scorpius realmente não precisava ouvir aquelas coisas. Ele já tinha uma imagem ruim demais de seu avô para uma vida toda e, embora Lucius merecesse, Draco não acabaria com a reputação dele daquela forma - nem mesmo dentro da própria família. Sua imagem já se arruinava sozinha. Além do mais, Lucius tinha morrido há uns bons anos. Estava na hora dele parecer de assombrar Draco, de ser uma memória ruim e virar só mais um detalhe do seu passado que, o jovem homem admitia, não era tão bom assim.
— Wow, isso é realmente nojento. — Scorpius falou por fim, cessando a risada, mas ainda olhando para o pai como se estivesse vendo uma pessoa muito engraçada. Ótimo. Agora Draco estava arruinando a sua reputação com o filho. — Eu tô até com medo de continuar bebendo, agora.
— Se você tiver um porre, eu vou estar aqui pra te socorrer. — Draco falou com naturalidade, como se não fosse nada demais. E de fato não era. Scorpius, mesmo que fosse um garoto inteligente, acabaria tendo aquela experiência mais cedo ou mais tarde, então por que não tê-la junto de alguém que confiava? — Eu só quero saber que você está seguro na primeira vez. E dentro de casa. Os jovens agem de forma estúpida porque beber parece a coisa mais diferente d incrível do mundo, como se fosse um tabu. Mas não é, e beber não vai fazer ninguém diferente. Mas se você beber até vomitar hoje, ótimo, eu vou estar aqui pra limpar os seus sapatos.
Scorp sentiu seu coração se encher de alegria. Queria ter se levantado na mesma hora e corrido até o pai, se agarrado no pescoço dele, mas o álcool parecia estar começando a fazer um pouquinho de efeito - agora estava no começo da sua terceira taça, bebendo tão vagarosamente quanto antes e provando alguns aperitivos para intercalar -, então decidiu ficar no mesmo lugar.
Aquilo era… Incrível. Draco Malfoy era incrível. Scorpius mal via a hora de contar tudo para Al, sobre como seu pai tinha mesmo deixado ele beber, e sobre como estava sendo legal. Tinha certeza de que seu melhor amigo nem ia acreditar.
Era engraçado como Draco excluía Scorpius ao falar de adolescentes, como se o filho não fosse um deles. Scorp sabia que tinha os pés no chão, muito mais do que a maioria das pessoas da sua idade, mas saber que seu pai confiava nele àquele ponto era diferente. Eram uma boa dupla, eles dois, naquela família pequena e tão mal vista por terceiros. Se entendiam muito bem para um pai e um filho.
— Com quinze anos eu tava assistindo animes e jogando videogame. O senhor não precisa se preocupar tanto comigo. — Scorpius falou, ainda se sentindo sortudo por ter um pai tão legal. Sorriu para ele, atrapalhando seus próprios cabelos curtinhos. Costumava fazer aquilo quando estava sem graça. — Sabe de uma coisa? O pai do Al ficaria com uma puta inveja do senhor. Ele foi todo rigoroso quando pegou o Al bebendo, né, e o senhor tá aqui, sendo todo legal.
Draco arqueou uma das sobrancelhas, encarando o filho com interesse. Aquela era uma informação nova.
— O quê? Quando diabos isso aconteceu?
Scorpius arregalou os olhos, se amaldiçoando por ter falado muito. Mas, bem, não era grande coisa, certo? Eles estavam ali, bebendo juntos, e era a primeira vez. A primeira experiência de seu melhor amigo não era grande coisa.
— Ahn… No começo desse ano? — Saiu mais como uma pergunta do que como uma resposta, Scorpius percebeu, mas continuou a sua explicação mesmo assim. — O James roubou vodka do escritório do Harry, ofereceu pra gente e o Al aceitou. Ele ficou todo zoado e o Harry gritou com eles o dia inteiro. Mas eu não bebi nada. Só fiquei lá, segurando o Albus, porque o coitadinho achou que o mundo nunca ia parar de girar e que ele ia morrer.
Scorpius sorriu ao falar daquilo, meio divertido e meio nostálgico, se lembrando daquele dia. Tinha passado horas segurando as mãos de Albus, repetindo que tudo ia ficar bem, enquanto ouvia seu amigo chorar no seu ombro.
— Hm. — Draco fez, colocando mais vinho na sua taça. Daquela vez, Scorpius tomou atitude e completou sua própria taça. Já estava parando de fazer caretas e se acostumando com o gosto. E, embora o vinho queimasse tudo o que tocava, era uma sensação boa ainda assim. Deixava-o aquecido. — Não sei porque ainda me surpreendo. Estava na cara que Potter não estava preparado para procriar… Ainda mais com aquela Weasley… Não sei como ele pode ter um filho tão gentil.
Scorp disfarçou seu sorriso com a taça. Seu pai era a única pessoa que conseguia elogiar Albus e insultar os pais dele na mesma frase. Sabia que tio Harry e ele tinham tido problemas na infância - estudaram a vida toda na mesma escola e nunca foram com a cara um do outro -, mas não sabia que o rancor era grande ao ponto de se estender por décadas. Harry Potter não tocava no nome do seu pai - pelo menos, não na frente de Scorpius -, mas também o tratava pelo sobrenome, o que provavelmente dizia muito sobre a relação deles.
Pelo menos, nenhum dos dois tinha tentado afastar Albus e Scorpius - e seu pai nem tinha surtado tanto assim ao descobrir que Scorp estava namorando a filha de Hermione Granger e Ronald Weasley, suas outras duas desavenças e melhores amigos de Harry, o que era bom.
Ou não. Se seu pai não tivesse engolido o orgulho e ido contra aquele namoro, se tivesse dito algo mais do que “A filha daqueles dois? Você sabe que ela deve ser insuportável e sem um pingo de classe, não é, Scorpius Hyperion Malfoy?”, talvez Scorpius não estivesse em uma situação tão… Difícil.
Mas não era como se Scorpius pudesse culpar seu pai pelos seus próprios erros, então o garoto espantou aqueles pensamentos para longe, voltando a se concentrar na conversa.
— Você tá sendo malvado, pai. — Respondeu, não levando aquilo tão a sério. Sabia que, no fundo, seu pai também não levava. — O James que é idiota, não o Harry.
— O que esperar de alguém tão… Weasley, não é mesmo? — Draco torceu o nariz, fazendo mais uma daquelas expressões de asco. Quando se falava dos ex-colegas de escola, todo aquele lado desdenhoso que Scorpius nunca tinha presenciado, mas sabia que existira algum dia, vinha à tona. — Pelo menos Albus não puxou a eles também. Sinto pelo futuro da menininha…
— Então o senhor tá dizendo que Al se salvou porque ele se parece muito com o pai e nada com a mãe? Isso é um elogio direto a Harry Potter, senhor Malfoy? — Scorpius perguntou, perspicaz e provocativo, o que fez com que Draco se sobressaltasse na poltrona. E então a coisa mais improvável de todas aconteceu: ele corou.
Draco Malfoy, herdeiro da maior empresa tecnológica do país, estava corado. Scorpius sabia que estava vendo algo único. Era provável que nunca mais voltasse a acontecer.
Sem saber como responder, Draco Malfoy abriu e fechou a boca algumas vezes, só para bufar por último e virar o rosto. O cabelo logo dele, que estava batendo na altura dos ombros, acompanhou seu movimento de um lado para o outro. Sempre elegante. E, naquele momento, estranhamente sem jeito. Só aquilo já tinha valido a noite de seu filho.
— Acho que a bebida está te deixando muito desbocado, rapazinho. — Draco estreitou os olhos depois que voltou a encarar seu único filho, seu rosto voltando ao tom pálido de sempre. — E falando asneiras. É melhor tomar cuidado com a bebida antes que eu a tire de você.
— NÃÃÃÃO! — O rapaz negou, rindo, aproveitando para voltar a encher a sua taça. A garrafa estava, pouco a pouco, esvaziando, mas ele não se importava. Estava adorando aquilo. Beber não era tão ruim quanto ele tinha esperado. — Deixe-me aproveitar o meu primeiro vinho.
Eles riram, Draco ainda contrariado e Scorpius com as bochechas vermelhas, e a conversa continuou. Bonnie Tyler já tinha parado de tocar há um tempo e Stevie Wonder tinha começado.
Draco soltou alguns minutos depois, quando tinham dado uma pausa no assunto para aproveitar I Just Called to Say I Love You - tinha sido a música favorita de Astoria, mãe se Scorpius, quando viva, o que sempre causava sentimentos mistos e confusos -, a pergunta que fez Scorpius gargalhar como se não houvesse amanhã:
— Então… Albus é o tipo de bêbado que ri de tudo e vira amigo de todo mundo ou é do tipo chorão?
Scorpius só queria que Albus estivesse ali, aproveitando aquele momento com ele, porque seria muito mais engraçado se seu pai visse ao invés de Scorp contar a história.
E foi bem naquela hora, ouvindo uma música meio romântica demais - por que todas as músicas fazem sentido quando se está apaixonado? -, que Scorpius quis pegar o telefone mais próximo e ligar para Al.
Queria dizer que sentia falta dele. O tempo todo. E que tudo era muito mais divertido com ele por perto. Nada era tão legal ou memorável quando ele não estava junto. E Scorp sentia falta de falar com ele, mesmo que tivessem se falado há uma hora. Era tempo o bastante, não?
Scorpius Malfoy estava meio embriagado e com o seu pai, que podia muito bem ser um homofóbico, na sua frente. Parecia meio errado pensar naquelas coisas, mas ele não conseguia evitar.
E ligar para seu melhor amigo - que também podia ser homofóbico - para dizer coisas piegas não parecia a coisa mais sensata do mundo.
E foi então que Scorp se lembrou porque sempre tivera medo de beber antes - a sinceridade que as pessoas dizem tomar conta dos bêbados o aterrorizava.XScorpius prometeu a si mesmo que ia parar de beber logo, antes que pudesse descobrir que tipo de bêbado ele era, mas tinha falhado completamente naquilo.
Ele gostaria de colocar a culpa no seu pai, que tinha decidido fazer uma batida de vodka com melancia para eles, e que tinha enchido aquele negócio de açúcar.
Scorp amava açúcar.
Era tudo tão docinho. Como parecia ter muito mais açúcar do que álcool - e era bem mais fácil de engolir, já que a melancia disfarçava o gosto -, Scorpius ficou bebendo aquilo feliz da vida, mesmo que Draco tenha avisado para ele pegar leve.
[i]“Eu tô ótimo, não precisa se preocupar, pai. Eu sei o que tô fazendo”, ele falou, com o peito estufado.
Scorpius não sabia o que estava fazendo.
E Draco sabia que ele não sabia, mas ainda deixou que ele fosse em frente. Era exatamente por aquele motivo que tinha preferido estar ao lado do filho naquela primeira vez - os adolescentes sempre acham que sabem tudo, que entendem de tudo, que tudo está sob controle. Mas nunca está.
Então Draco só ficou ali, dando conselhos sutis, mas deixando que Scorpius fizesse sus próprias escolhas. Ele nem sempre estaria ao lado do filho e ele precisava aprender a consequência de cada uma delas, mesmo que fosse de uma forma dolorosa. Lucius não tinha feito aquilo por ele, mas Draco queria que sim.
O homem percebeu que seu filho estava meio alto quando ele começou a cantar Roxette empolgado demais.
As bochechas sobressalentes de Scorp, que já eram naturalmente rosadas, pareciam estar pegando fogo. Ele mexia o corpo de um lado para o outro, dançando na cozinha enquanto Draco fazia um sanduíche para eles - Scorpius precisava equilibrar o álcool com alguma coisa salgada -, sem vergonha nenhuma. Em dias normais, seu filho andava por aí todo tímido, querendo passar despercebido, e nunca na vida ele tinha dançado em público - nem mesmo no aniversário de quinze anos de Rose, onde meio que era exigido que eles dançassem juntos, com suas roupas formais e sorrisos nos rostos.
Partia o coração de Draco ver o caminho que seu filho estava tomando - era provável que ele vomitasse aquilo tudo no fim daquela madrugada e acordasse com uma dor de cabeça terrível -, mas não havia nada que ele pudesse fazer. Tudo o que fazia era para o bem e para o crescimento de Scorp.
A fase “eu sou feliz e vou cantar até que todo mundo saiba disso” não foi a pior parte. A pior parte veio depois, quando eles já tinham terminado seus sanduíches e sentado na sala de novo, e Scorpius entornou todo o resto da batida com um sorriso largo.
Seu filho, que há pouco tempo corria atrás de Draco pelos corredores da mansão Malfoy, entornando uma bebida. Era um sentimento estranho. Draco não gostou nem um pouco dele.
Scorpius colocou o copo na mesa de centro - que àquela altura já estava manchada - e fechou os olhos, se recostando no sofá, e sorriu para o nada. Please Don’t Go, do KC & The Sunshine Band, começou a tocar e ele sorriu ainda mais, parecendo maravilhado com alguma coisa, e Draco sorriu vendo aquilo. Conhecia muito bem aquele olhar. Adolescentes apaixonados eram ainda mais estúpidos que o normal - mas, no caso de Scorpius, era tudo muito mais sutil. Ele era um garoto mais quieto e discreto, quase nunca demonstrando o quanto gostava da filha mais velha dos Weasley-Granger.
Mas naquele momento, deixando que a música falasse mais alto que sua timidez, Draco conseguia ver. Havia algo ali - algo que ele não se lembrava de já ter visto antes, e que jurava ser mais que a embriagues. Ou talvez apenas estivesse ficando louco.
— Pai… — Scorpius começou a falar, abrindo os olhos lentamente, e encarando Draco curioso. — Como você descobriu que gostava da mamãe?
Draco sentiu-se tremer, pego de surpresa pela pergunta. Scorpius nunca havia perguntado coisas daquele tipo. Mesmo assim, o pai - que já tinha parado de beber há tempos -, cruzou as pernas na poltrona e se pôs a pensar. É possível saber quando essas coisas acontecem?
Não quis falar para seu filho que, no começo, Astoria e ele ficaram juntos por pura conveniência devido aos negócios que suas famílias tinham juntas. Mas, antes que pudesse se dar conta, estava tão encantado com ela que era impossível não admitir que havia algo ali. O relacionamento deles podia não ter começado de maneira convencional, mas, apenas de tudo, Draco a amou. E Astoria fez dele um homem melhor, definitivamente. Ela foi a única a conseguir. Malfoys nunca se redimem, mas talvez Draco fosse a exceção.
— Eu não sei. Acho que é impossível descobrir quando essas coisas acontecem. Você só se dá conta um dia. — Draco falou em voz alta aquilo que lhe ocorreu, sem saber como explicar de forma melhor. — Eu só reparei que, de repente, sua mãe tinha feito de mim uma pessoa melhor. Ela conseguia me tocar de um jeito que ninguém mais conseguia, e ela foi a primeira pessoa a me conhecer de verdade depois da minha mãe e antes de você. Acho que ela conseguia ver o menino chorando por trás do babaca que eu me mostrava ser.
Scorpius assentiu com a cabeça, como se estivesse preocupado demais pensando, e talvez ele realmente estivesse.
Draco estranhou quando seu filho, com aqueles cabelos tão loiros que quase chegavam a ser brancos, se virou para ele com brusquidão. E a parte mais esquisita era que ele tinha lágrimas nos olhos.
— Você também sente falta dela? — Perguntou, com a voz meio falha, e Scorpius tentou enxugar os olhos de maneira discreta. — Porque eu sinto. Muito. Todo dia.
O coração de Draco se apertou. Sentia, sim, falta de sua companheira. Vivia brigando consigo mesmo, querendo falar com Scorpius sobre a mãe, mas era difícil focar no assunto. A pior parte de crescer com Lucius Malfoy é que você não tem permissão para demonstrar sentimentos, nunca. Só pessoas tolas perdem tempo com essas coisas - pelo menos, era assim segundo seu pai. O bloqueio que as filosofias de seu pai causaram era tão grande que Draco nunca tinha consegui do superá-lo, mesmo depois de adulto. Era praticamente impossível demonstrar emoções, ainda mais verbalizá-las, e ele só conseguia fazer aquilo com Scorpius.
— Eu sinto, sim. — Draco se limitou a dizer, com muitas palavras presas em sua garganta, mas desejou que aquilo fosse o bastante. Era o que podia fazer naquele momento.
Scorpius fungou com a resposta, sentindo ainda mais lágrimas tomarem conta de seus olhos, e se levantou da poltrona em um pulo.
Não sabia o que estava acontecendo. Só sabia que estava doendo. Muito. Depois de toda aquela euforia, a felicidade de cantar músicas que tanto gostava, tudo parecia ter se transformado em dor e agora estava tomando conta de Scorpius. Ele queria chorar como se não houvesse amanhã. Queria colocar para fora tudo o que estava lhe fazendo mal - o que, considerando os últimos meses, era muita coisa.
Agarrou-se ao pescoço do pai sem vergonha, escondendo seu rosto ali e chorando de soluçar. Doía colocar tudo para fora, mas também doía guardar tudo. Estava desesperado. De repente, por algum motivo, todos os seus problemas pareciam insolúveis. Estava perdido. Aquele era o seu fim, definitivamente, e sua mãe nem estava ali para abraçá-lo. O cara que ele amava também não estava ali e ele ainda tinha uma namorada, que estaria ao seu lado caso Scorpie chamasse, mas que não era quem ele queria.
Tudo estava errado na sua vida.
Por que Albus não estava ali para sorrir e dizer que tudo ia ficar bem.
— E-eu… S-sinto t-tanto a falta… Dela. — Scorpius se ouviu dizer em meio ao choro, sua voz abafada no pescoço do pai. Ele cheirava a perfume e caro misturado o cheiro da própria pele, tão familiar que até conseguia acalmar um pouco o adolescente. — Não sei… Não sei viver sem… Sem ela.
E mais choro se seguiu àquela frase.
Draco abraçou forte o seu garoto, odiando vê-lo daquela forma, querendo ajudar de alguma forma. Mas não sabia como, por isso começou a se sentir o pior pai do mundo.
Seu filho estava bêbado, chorando como se todas as coisas ruins do universo estivessem nas suas costas, e Draco quase se arrependeu de ter deixado que ele bebesse. Mas, se não estivesse chorando ali com ele, talvez algum dia estivesse chorando um imbecil que pouco se importaria com ele.
Com cuidado, Draco sentou Scorpius no seu lugar e se ajoelhou no chão, em frente a ele, limpando as lágrimas do rapaz. Os cílios longos de Scorp, tão iguais aos de Astoria, pareciam ainda maiores naquele momento.
— Vai ficar tudo bem, querido. — Draco falou, tentando situar seu filho, fazendo-o ver que nada era tão ruim quanto parecia naquele momento. Maldito álcool e sua mania de mexer com sentimentos. — Você está bêbado. Tudo parece ruim agora, mas vai melhor. Me desculpe por te deixar beber tanto, Scorp.
E, se possível, Scorpius chorou ainda mais ao ouvir aquilo. Sem saber o que fazer, Draco voltou a abraçá-lo, acariciando seus fios loiros.
— Nada… Nada vai f-ficar b-bem. — Ele falou, cheio de certeza, se agarrando ainda mais na camisa do pai. — Minha mãe m-morreu. Eu… Eu não amo a minha… Minha namorada. Mesmo que… Mesmo que todo mundo espere que eu fique com ela. Até o garoto que eu amo… — Scorpius interrompeu a frase para chorar ainda mais, como se tocar naquele assunto só fizesse tudo piorar. Draco ficou alerta, estranhando aquele assunto. O que diabos estava acontecendo? Alheio aos pensamentos dele, Scorpius voltou a se lamuriar: — O garoto que… Que eu amo… Acha que eu tenho que ficar com ela t-também.
A voz de Scorpius foi afinando conforme ele terminou a frase, como se fosse difícil demais manter-se firme, e Draco sentiu o seu mundo gelar. Afastando-se do filho, ele encarou o rosto molhado de Scorp, mal conseguindo acreditar no que tinha acabado de ouvir.
Scorpius era… Gay?
— O que você disse, Scorp? — Draco perguntou, assustado, não sabendo como processar aquela informação.
Scorpius pareceu finalmente se dar conta do que tinha dito. Ele olhou para o pai, parou de chora e, no minuto seguinte, voltou a soluçar como se a situação, que já estava ruim, tivesse piorado de vez.
— E… E agora me-meu pai me o-odeia porque eu gosto de u-m g-garoto. — O adolescente falou, com tanta dor nas palavras que Draco só conseguiu voltar a apertá-lo em seus braços. Nunca tinha abraçado tanto seu garoto antes, mas era a única coisa que podia fazer para reconfortá-lo.
O peso daquela notícia finalmente caiu em suas costas. Se Scorpius estava dizendo a verdade - o que os bêbados costumavam fazer -, ele gostava de um garoto. Como encarar aquilo?
Em todos aqueles dezessete anos - ou, melhor dizendo, desde o dia em que havia descoberto que Astoria estava grávida -, Draco nunca tinha pensado naquela possibilidade. De ter um filho… Gay. Ou seria bissexual? Ele realmente não sabia, mas não fazia diferença. Não naquele momento.
Naquele momento, em meio a todo aquele choro e emoção, Draco não sabia dizer como aquilo o afetava. Talvez nunca tivesse netos, alguém para seguir com o nome de sua família. Talvez tivesse de fazer chá e receber garotos em sua casa, ao invés de garotas, o que parecia mais complicado. Não conseguia imaginar seu garoto beijando qualquer pessoa, mas parecia ainda mais estranho vê-lo beijando um garoto.
Draco estava perplexo. Mas, em meio em todos aqueles pensamentos, sabia de uma coisa - não odiava Scorpius. Como poderia odiá-lo? Aquele garoto era tudo na sua vida. Só não sabia o que fazer, mas descobriria. Era o que os pais faziam, não?
Se aquilo fosse verdade, Scorpius já teria que enfrentar o preconceito de todo mundo - então que não enfrentasse o do próprio pai.
— Vai ficar tudo bem, Scorp. — Draco admitiu, ainda ajoelhado na sua sala de estar, e Scorpius chorou com mais vontade. Quase conseguia sentir as unhas dele machucando suas costas. — Eu não te odeio, entendido? Nunca mais se atreva a pensar nisso.
Daquela vez, o choro de Scorpius pareceu aliviado, não triste, e Draco soube que tinha feito a coisa certa.
Por quanto tempo seu filho tinha carregado aquele segredo consigo?XEnquanto colocava Scorpius embaixo da água gelada no chuveiro - tinha sido difícil carregá-lo até o banheiro mais próximo, já que o garoto insistia em relutar e dizer que não precisava daquilo -, Draco se pegou perguntando quem era o garoto que Scorpius supostamente gostava.
Não precisou pensar por mais do que alguns segundos.
Albus Severus.
Depois que aquele nome e o par de olhos verdes surgiram na mente de Draco, tudo começou a fazer sentido - a forma como eles estavam sempre juntos, como Scorpius parecia muito mais feliz perto de Albus, como arrumava desculpas para tocá-lo o tempo inteiro. Lembrou-se das piadas inteiras, da forma como Scorpius olhava para Albus praticamente com devoção, e lembrou-se, principalmente, como todas aquelas pequenas coisas eram recíprocas da parte de Albus também. Eram coisas isoladas, que passavam despercebidas, mas que faziam todo o sentido juntas.
Como se o clique estivesse estalado na mente de Draco, tudo se encaixou. Perguntou-se como não tinha percebido antes.
Enquanto ouvia um Scorpius só de cueca reclamar da água fria, Draco não conseguia parar de pensar em tudo aquilo, especialmente nas coisas que tinham acontecido naquela noite.
Scorpius e ele eram próximos. Muito próximos. Mas, mesmo com toda a proximidade, ainda guardavam tantos segredos um do outro… Odiou-se por deixar aquela barreira entre eles. Tinha que se abrir mais para o diálogo, sabia disso, e começaria a trabalhar para que aquilo funcionasse. Não queria que Scorpius sentisse que precisava manter segredos como aquele por puro medo.
Observando o filho esfregar o cabelo, sentado no chão do box e com os olhos perdidos, Draco pigarreou, chamando a atenção do garoto.
— Como você soube? Que gostava dele?
Scorpius pareceu assustado em um primeiro momento. E então sorriu, com o rosto todo inchado e vermelho, mas pareceu sincero. Ainda parecia meio retraído, como se tivesse medo de que Draco explodisse e começasse a gritar a qualquer momento, e estava tímido. Mas também parecia diferente - com um brilho a mais, só de tocar naquele assunto.
— Ele faz com que todas as músicas façam sentido. Sempre fez. — Scorpius confessou, baixinho, desligando o chuveiro em seguida e se enrolando em uma toalha felpuda. Tremia de frio. — E ele faz com que eu não me sinta sozinho nesse mundo, não importava o que esteja acontecendo. Sempre fez. E eu acho que sempre soube.
Aquela resposta fazia muito mais sentido do que a de Draco, sem falar na espontaneidade que elas continham, então ele a aceitou.XQuando Scorpius Malfoy acordou no dia seguinte, todo o seu corpo doía. E ele não fazia a mínima ideia de onde estava.
Tentou levantar a cabeça e olhar ao redor, mas tudo só doeu ainda mais. Apertou os olhos com força, choramingando, e se sentou - aquilo era uma cama? Um sofá? Não sabia dizer.
Não se lembrava de muita coisa. Só se lembrava de músicas, alguma coisa forte misturada com melancia e de um banho gelado. Muito gelado, tanto que doeu até seus ossos.
E se lembrava de seu pai perguntando alguma coisa… Mas não sabia dizer exatamente o quê.
Foi então que os flashs foram lhe atingindo, pouco a pouco, e a história foi se montando - estava chorando por causa da sua mãe. Conseguia se lembrar disso. E tudo parecia insuportável. Estava chorando por Rose também e…
E Albus.
Teria ele falado de Al para o seu pai?
Desesperado, Scorpius pulou daquilo que descobriu ser uma cama e seus joelhos fraquejaram por um momento. Estava em um dos quartos de hóspedes que ficava no andar inferior, perto da sala de estar, e só podia pensar que seu pai o tinha levado até ali.
Sua mão já estava parada na maçaneta da porta quando alguém a girou do outro lado - alguma empregada ou seu pai, provavelmente. Scorp deu um pulo para trás, se sentindo exposto estando só de cueca, mas nem deu tempo de correr atrás de algo para vestir antes da porta se abrir.
Draco Malfoy, vestido impecável como sempre, tinha seu cabelo longo amarrado em um rabo de cavalo baixo. A expressão dele estava séria como o de costume, quase como se ele estivesse esperando esbarrar com um desconhecido nos corredores da própria casa, e Scorpius soube que ele sabia. Seu corpo todo gelou. Seu coração, até então normal, acelerou na mesma hora e sua cabeça doeu ainda mais. O adolescente gemeu, se odiando por ter bebido tanto e aberto a boca.
Já estava tentando inventar alguma desculpa - mesmo sabendo que seu pai não era tolo e não cairia em nenhuma -, mas Draco começou a falar, nem dando tempo para o rapaz se explicar:
— Termine com ela. Fale com ele. — Foi a única coisa que ele disse, ainda sério, e Scorp podia jurar que seu coração tinha parado por um momento.
— Eu… Eu não posso. — Respondeu, como se fosse óbvio, olhando todo perdido para o pai. Nem adiantava negar; sabia que seu pai o conhecia e pegava suas mentiras no ar. Por que ele não estava gritando? Por que não estava recitando a Bíblia e dizendo que homens não deviam se deitar com homens? — Não é o que esperam de mim.
Draco Malfoy suspirou, cruzando os braços em frente ao corpo magrelo, parecendo impecável naquela camisa social sem nenhum vinco. Scorpius se sentiu ainda mais pequeno perto dele.
— Você não pode fazer só o que as pessoas querem. — Draco explicou com calma. Ainda que fosse óbvio, sabia que era difícil de entender. Ele mesmo tinha tido dificuldades. — Mas não sacrifique sua vida só por isso. Você quer fazer o que as pessoas esperam ou quer ser feliz?
Scorpius deixou os ombros caírem, derrotado. Queria tanto falar com Al…
— Ele é hétero. E espera que eu me case com a prima dele, algum dia. Imagina só a confusão. — Scorp praticamente vomitou as palavras, desesperado para colocar o que lhe afligia para fora. Draco começou a entender o que ele tanto temia. — Os Potter me odiariam e… O Al se afastaria de mim… Eu não suportaria.
O pai passou pelo filho, indo em direção à cama e se sentando na borda dela. Bateu no lugar ao seu lado, em um pedido mudo para que o adolescente o acompanhasse, e Scorpius andou até ele relutantemente.
Quando se sentou ao lado do homem, Scorpius começou a brincar com os dedos, tentando se distrair.
— Eu achava que você era hétero até doze horas atrás. — Seu pai falou, ainda sério, mas então deixou que um sorrisinho escapasse de seus lábios. Scorpius tentou retribuir, mas não achou forças. Continuou encarando seus dedos. — A questão é: vale a pena comprar essa briga? Eu não vou dizer que vai dar tudo certo logo de cara. Vai ser bem confuso, mas, falando como quem observa de fora, eu acho que existe uma boa chance de ser recíproco. Mas só você pode dizer isso, garoto. Vale a pena arriscar? Albus Severus vale a pena?
Scorpius não precisou responder - Draco já sabia a resposta. E ele já sabia a resposta.
Bastou Scorpius olhar para ele, ainda confuso e sem saber o que fazer, que Draco viu que não tinha volta.
— Mas e se… E se ele não gostar de mim? E se eu tentar e não der em nada?
— É por isso que você tem que ir com calma, sondar o terreno. — Draco falou, tentando ser útil. Nunca se imaginara dando conselhos amorosos. Astoria era tão mais delicada que ele para aquele tipo de assunto… — Eu não estou dizendo para você sair daqui agora, bater na casa da porta dos Potter e dizer que ama o filho deles. Eu só estou dizendo que você precisa tomar iniciativa, tentar arrancar resposta de Albus, e ver como ele se sente. Eu imagino que seja mais confuso que… Que um garoto e uma garota. Mas você consegue.
— Eu tenho medo de que ele, sei lá, seja homofóbico e me odeie. — Scorpius falou timidamente, se sentindo mais estranho que nunca. Falar sobre aquilo com Draco Malfoy era muito estranho. — Eu achei que… Que você fosse ser homofóbico, aliás.
Draco franziu a testa, quase ofendido com aquilo. Só porque nunca tinha pensado no assunto não queria dizer que ele era um babaca preconceituoso - aquilo era muito mais típico de Harry Potter, mas não diria aquilo a Scorpius.
— Ora, assim você me ofende, pivete.
Scorpius sorriu com a frase arrastada do pai, como se Scorp estivesse falando uma besteira sem tamanho.
— O que eu faço agora? — Perguntou, suspirando trêmula e pesadamente. Estava tão perdido quanto no dia anterior. E no anterior àquele. Falar com uma pessoa estava ajudando; pelo menos não estava surtando sobre aquilo, mas ainda era difícil ver claramente e saber qual o próximo passo. Ou o primeiro deles.
— Termine com a cria da Granger e do Weasel, eu já disse. Eu nunca achei que fosse dizer isso, mas Rose é uma boa garota. Mesmo que não dê certo com Albus, não é correto você enganá-la. Não é justo com nenhum de vocês.
Scorpius se voltou para Draco com um sorriso divertido nos lábios, não conseguindo acreditar que seu pai estava mesmo falando coisas como aquela.
— Eu não acredito que você só elogia a minha namorada quando descobre que eu não a amo. — O garoto falou, embasbacado, dividido entre a vontade de rir e o sentimento incômodo que pensar naquilo causava. Gostava de Rose… Mas como amiga. Seu pai tinha razão. Por mais que sentisse mal, não podia forçar sentimentos. Não conseguia. — Esse é um conselho muito sábio, pai.
Draco rolou os olhos. Óbvio que era um conselho muito sábio.
Se pegou pensando que aquilo só podia ser uma praga. Primeiro uma Weasley-Granger, depois um Potter, que era mil vezes pior. Por que Scorpius tinha um dedo tão podre para escolher as pessoas pelas quais se interessava?
Mas, já que não tinha volta, pelo menos seguraria a mão de Scorpius durante todo o caminho - e, no momento, tinha que ajudá-lo a fazer a coisa certa. Daquela vez, com cuidado. E sóbrio.
(Por mais que quisesse negar, e por mais que ainda fosse estranho pensar que seu único filho não era hétero, Draco Malfoy deu o braço a torcer e admitiu mentalmente que, se todas as pessoas daquela família gigantesca que Potter tinha arrumado, Albus Severus sempre foi o seu preferido, de qualquer forma.)X
Oito anos depoisScorpius Malfoy, com os seus vinte e cinco anos, estava se sentindo uma criança perdida.
Andando de um lado para o outro, ele mordia o lábio inferior, tentando se segurar para não gritar ali mesmo. Nunca havia estado tão nervoso na vida.
Se algum dia tinha se sentido ao ponto de desmaiar só por dizer a Al que gostava dele - e, não muito depois disso, se sentindo morrer com tantos sentimentos ao beijá-lo pela primeira vez -, Scorpius não fazia ideia de que seria mil vezes pior naquele dia.
Já estava pronto para pegar o celular e mandar uma mensagem para Albus, só para ter certeza de que ele não tinha desistido e estava bem - e Albus realmente parecia estar, porque ficava rindo do desespero de Scorpius, aquele maldito -, quando alguém bateu na porta.
Sentindo seu corpo tremer da cabeça aos pés, Scorpius falou um “Entre!” meio desesperado, se sentando na beira da cama de um quarto que não era seu.
Draco Malfoy entrou no cômodo com os cabelos penteados para trás, smoking impecável e um sorrisinho nos lábios. Ele estava particularmente feliz naquele dia, o que era algo surpreendente, já que estava na casa de Harry e Ginny Potter, vendo todas aquelas crianças ruivas e barulhentas correndo de um lado para o outro, tendo que rever todas as pessoas da sua adolescência.
Scorpius tinha jurado que precisaria passar o dia todo de olho no seu pai, contendo-o para ele não arrumar uma briga com George Weasley ou ofender a Ginny.
Ginny era muito mais forte de que seu pai seria na vida, por sinal, e seria capaz de derrubá-lo com um único soco - mas nunca deixaria Draco Malfoy saber disso, é claro.
Mas, para a sua surpresa, seu pai estava se comportando bem. Ele tinha até mesmo cumprimentado Harry Potter, chamando-o pelo seu primeiro nome. O espírito festivo devia mesmo estar tomando conta das famílias dos dois jovens.
— Disseram que o noivo precisava de seu pai. — Draco falou enquanto caminhava até Scorpius, que se levantou meio desajeitado, sentindo o ar faltar. Ia morrer antes mesmo de chegar ao altar e conseguir dizer “Sim”. — Você está com uma cara péssima, Scorp.
— Obrigado pelo apoio, pai. — Scorpius rolou os olhos, irônico, e Draco riu. — Sério… Eu acho que estou surtando. Parece que vai dar tudo errado a qualquer momento e…
Scorpius se jogou na cama, se arrependendo em seguida, já que não queria amassar seu terno. Mal estava se mexendo porque queria que tudo estivesse impecável, principalmente sua roupa e seu cabelo.
— Se levanta, garoto. A sua gravata está toda torta. — Draco avisou e Scorpius fez o que lhe foi mandado, como se ainda fosse um garotinho e precisasse da ajuda do pai as coisas pequenas, como se vestir.
Em algum momento da adolescência, tinha ficado mais alto que seu pai, o que era muito engraçado quando eles estavam próximos daquele jeito.
Draco desatou o nó torto da gravata do filho e se pôs a arrumá-la. Conseguia seguir Scorpius inquieto, não parando de mexer as mãos por um minuto.
— Não precisa se desesperar, querido. Albus não vai desistir agora. Ele é louco por você. — Draco lembrou, o que fez Scorp abrir um sorriso trêmulo. Sabia de tudo aquilo, mas continuava se sentindo nervoso. — Falta só uma hora. Vai dar tudo certo. Nada deu errado durante todo o dia.
Depois de ajeitar a gravata azul no pescoço no filho, Draco deu um tampinha no peito dele e se afastou, sorrindo. Todo o orgulho que estava sentindo mal conseguia caber no seu peito. Seu filho tinha crescido tanto. Era um homem que, em pouco tempo, estaria casado. Não poderia se sentir mais realizado.
Daquela vez, Scorpius se sentou na cama com mais cuidado, sorrindo ao lembrar de Albus. Amava-o tanto… Não via a hora de poder chamá-lo de marido, de beijá-lo mais uma vez… Nunca se cansaria de beijar Albus.
Tinham dormido separados, naquela noite, o que tinha sido horrível. Estava tão se acostumado a tê-lo do seu lado que era errado quando aquilo não acontecia. Al tinha dormido na casa dos pais e Scorpius tinha ido para lá com seu próprio pai logo de manhãzinha, depois de acordar na mansão Malfoy, já que eles tinham decidido realizar o casamento no quintal gigantesco e verdinho dos Potter - para completo desagrado de Draco.
E ali estava ele, trocando mensagens de texto com Albus, já que noivos não deviam se ver antes do casamento. Ele sempre tinha achado que aquela superstição só valia para noivas, mas aparentemente estava errado, de acordo com a avó e a mãe se Albus.
— Eu acho que nunca suei tanto na vida. — O noivo segredou ao pai, que fez uma careta antes de rir, sentando-se ao seu lado. — O senhor ficou nervoso assim? Quando se casou com a mamãe e tal?
— Eu fiquei. Acho que todo mundo fica, mas vai passar logo. Eu garanto.
Scorpius sentiu o ímpeto de enfiar as mãos nos cabelos, que tinham sido milimetricamente arrumados, mas se conteve a tempo. Não conseguia se concentrar em nada, por mais que tentasse, mas precisava se distrair.
Foi por isso que enfiou a mão no bolso da calça, tirando de lá seu maço de cigarros, mesmo sabendo que seu pai odiava aquele hábito. Se algum dia tinha deixado Draco Malfoy desgostoso - o que incrivelmente não foi no dia em que contara gostar de garotos também -, Scorpius tinha certeza que foi no dia em que Draco descobriu que o filho era fumante, lá pelos dezenove anos.
Por causa das repreendas de Draco é daquelas frases de pai - “Esse cigarro vai te matar algum dia, moleque” -, Scorp evitava ao máximo fumar na frente dele, mas naquele momento era preciso.
— E preciso fumar pra não enlouquecer. — Ele falou, reparando no olhar torto de pai, que o olhava com clara desaprovação.
— Eu já te disse que Malfoys não fumam, Scorp. Eu fracassei na paternidade. — Draco dramatizou, balançando a cabeça negativamente, fazendo Scorpius gargalhar enquanto acendia um dos cigarros.
— Que exagero, pai. Você me criou bem. — O filho tentou consolar, mesmo sabendo que não adiantaria de nada. Tinha prometido parar de fumar para o pai há uns bons cinco anos, mas não era como se conseguisse tão facilmente, agora. Maldito vicio. — E eu realmente preciso relaxar., desculpa. Você quer um?
Draco encarou o filho como se ele tivesse acabado de oferecer um final de semana no spa com Harry Potter.
— O quê? Definitivamente não. Você sabe o mal que isso faz para os pulmões? — Draco falou como se fosse óbvio, não acreditando na audácia no filho. Tinha criado o pivete com amor e carinho e ainda era obrigado a ouvir coisas daquele tipo, francamente…
O homem mais novo não se abalou com a recusa. Ele só continuou sorrindo, tentando deixar o casamento em um cantinho da sua mente por um momento, e tragou seu cigarro antes de responder. Se sentiu bem quase instantaneamente. Foi como respirar ar puro depois de um dia inteiro preso em um escritório, embaixo de um ar-condicionado.
— Álcool faz mal pro fígado e ainda assim você bebe. — Scorpius argumentou, o que arrancou uma careta de Draco. — Sério, me acompanhe nisso. Vai me deixar mais feliz. Eu e você, fazendo coisas juntos, como sempre.
Aquilo era golpe baixo, Draco pensou. Scorpius sempre apelava para chantagem emocional. Havia mais de Lucius Malfoy em seu filho do que ele imaginava.
— Eu não acredito que eu vou fazer isso… — O mais velho falou, suspirando, olhando para o maço de cigarros que Scorpius lhe ofereceu como se estivesse prestes a assinar sua sentença de morte. —Me passa isso antes que eu me arrependa.
Scorpius comemorou um “YES!” silencioso, o que fez Draco girar os olhos. Dava para ver de longe que o filho estava feliz. Sempre tinha feito o possível para deixá-lo alegre daquela forma, então talvez não fosse tão errado acompanhá-lo em um mísero cigarro quando ele tinha conseguido encontrar tanta felicidade na vida.
Meio sem saber o que fazer com o cigarro, Draco o segurou pelo filtro, olhando para ele com o cenho franzido.
— Obrigado, pai. — Scorpius agradeceu sinceramente enquanto estendia o isqueiro para Draco, que se pôs a acender aquele filtro cancerígeno ambulante. Fez uma careca, levando aquilo aos lábios antes que se arrependesse. Era a crise de meia-idade falando mais alto, só podia ser.
Tentou imitar o movimento de Scorpius e tragar, mas aquilo só fez com que ele tossisse feito um louco. Ao seu lado, Scorpius riu alto, se sentindo vingado por sua primeira taça de vinho - ainda se lembrava de como o pai tinha rido da sua cara.
Com uma expressão de desgosto, Draco tentou de novo, dessa vez mais devagar, não puxando tanto aquela fumaça demoníaca para os seus pulmões.
Eles ficaram daquele jeito por alguns segundos, olhando pelas largas janelas da casa dos Potter, ouvindo o barulho incessante no jardim. Scorpius sorriu e sentiu seu coração se derreter quando recebeu uma mensagens de Albus, dizendo que estava com saudades, e o respondeu rapidamente com um “Eu também. Nos vemos logo, baby”.
— Nós fizemos muitas coisas juntos, né? — Draco quebrou o silêncio, depois de muito pensar sobre todo o caminho que os levaram até ali. Era nostálgico.
— Ihhhhhh… Por que o senhor tá falando com essa voz? Como se essa fosse a última vez que a gente fosse fazer algo juntos? — Scorpius retrucou, achando graça, não entendendo o porquê de tanta melancolia na voz do Malfoy mais velho. —Eu só vou casar, pai, não vou morrer.
— É diferente. Você vai ter sua família, vai viver sua vida… — Draco deu de ombros, como se não fosse nada demais, e voltou a colocar o cigarro na boca para ter uma desculpa e não responder
Scorpius se sentou de lado, sorrindo todo bobo, e pousou uma de suas mãos em cima da do pai. As mãos de Draco estavam começando a se enrugar, assim como os cantinhos dos olhos dele, e Scorp adorava ver aquilo de perto. Seu pai tinha horror a idade que tinha, mas aquilo significava que ele tinha estado lá uma vida inteira para o filho, deixando-o ver cada mudança e vivendo com ele, e o rapaz era grato por aquilo.
— Pai, Al e eu moramos juntos tem uns três anos. A gente é praticamente casado, só falta assinar os papéis. — Falou como se o pai fosse um bobo por não saber daquilo e Draco quase sorriu. Quase
— Acho que você tem razão…
Era o máximo que conseguiria - Draco Malfoy nunca admitira que estava com ciúmes -, então Scorpius só deixou o assunto morrer e continuou sorrindo, feliz por aquele dia, o mais importante de toda a sua vida.
— O senhor tá tragando errado. Não é pra fumaça sair pelo nariz, olha. — Scorpius demonstrou enquanto falava, arrancando um olhar desgosto do pai, mas ainda assim U homem começou a imitá-lo em seguida, ainda relutante. — Assim, respira fundo. Realmente trague, leve pro pulmão. Nada de fumar de mentirinha. Isso.
— Não acredito que você está fazendo isso comigo, Scorpius Malfoy. — Respondeu entredentes, mas de alguma forma feliz por ter conseguido fazer da forma certa, daquela vez. Se era para maltratar seus pulmões por um dia, que ao menos fizesse certo.
— O senhor precisa relaxar. Lembra daquela vez que o senhor me ensinou a beber? Acho que eu não estaria aqui hoje se não fosse por aquele dia. — O Malfoy mais novo comentou, igualmente nostálgico, apagando o cigarro no cinzeiro e entregando-o para o pai. Se sentia um pouco mais calmo. — Talvez eu nunca tivesse aqui hoje, morrendo de nervosismo, porque nunca teria dito pro Al que o amo. Agora o senhor tá aí, todo tenso, cercado de Weasleys. O senhor merece isso.
Draco realmente merecia. Não era tão fácil ver a cara feia do Weasley e fingir que não estava espantado - por que ele estava com bochechas de cachorro velho?
Ainda assim, por mais que preferisse nunca mais ver Potter e sua trupe na sua frente, Draco não podia deixar de se sentir tocado pelas palavras do filho. Tinha ajudado ele, mesmo que os caminhos de Scorpius tivessem seguido de uma forma que Draco não esperava.
Sorriu pelo reconhecimento, o sentimento de dever cumprido o invadindo.
— Eu acho que você tem razão. E eu fico feliz de ter ajudado.
Naquela hora, vendo seu filho acender mais um cigarro com um sorriso no rosto, todo atrapalhado e nervoso - mas ainda assim pleno -, Draco Malfoy chegou à conclusão de que não tinha fracassado na paternidade.
Se Lucius estivesse ali, ele criticaria tudo o que Scorpius tinha se tornado. Tudo o que Draco tinha se tornado. Mas ele não se importava. Seu pai queria o perfeito, o inalcançável, enquanto Draco só queria ser feliz. E queria que Scorpius fosse feliz também, sempre tinha sido a sua maior vontade. E seu maior medo de fracassar.
Não se importava se a felicidade de Scorp estava em outro homem. E não se importava com os defeitos dele também - como a nicotina -, mesmo que não concordasse com eles. Não tinha criado seu filho para ser um reflexo do que julgava certo, mas sim para ser uma pessoa íntegra e tomar as decisões certas na vida.
E Scorpius tinha conseguido. Ele era amado e amava. Tinha uma carreira, estava se casando, não tinha crescido infeliz como Draco.
Draco tinha feito um bom trabalho. Talvez seu pai discordasse de seus métodos, mas algum dia, se Scorpius tivesse filhos, sabia que seu garoto - Scorp nunca cresceria para ele! - falaria de Draco com amor.
E, no final das contas, era aquilo que ter uma família significava - se aceitar no imperfeito e, acima de qualquer coisa, se amar.
Draco Malfoy não podia estar mais orgulhoso da sua família imperfeita.
Eu tô com muito medo do Draco estar muito OOC, mas eu não consigo imaginar ele menos amorzinho que isso depois de The Cursed Child, desculpem. E relevem, por favor. É universo alternativo, o que me deu mais liberdade pra explorar os personagens. Faz menção a Pinhãozinho, mas a fanfic é toda family e boba e...
Ah, eu ainda não betei e nem revisei, então ignorem os erros também. Eu escrevi em uma tarde e achei bem meh, mas é a intenção que conta. q
É isso. -q
Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Aeeeeeeeeeeeeee!
Miih- Laranja 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Gente, quanto amor as produções desse Projeto...
Se tudo der certo, sai mais um esse fds...
Se tudo der certo, sai mais um esse fds...
FlaDoomsday- Laranja 2
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Gente, eu descobri que tem uma fic minha antiga que cabe aqui.
Nome da Fic: Seven steps to the kiss
Link: aqui
Item: Pai
Mas como não dá mais pra copiar e colar, vocês terão que ler!
Nome da Fic: Seven steps to the kiss
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Item: Pai
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Miih- Laranja 4
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Mariana Blackbird- Laranja 3
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Mariana Bellefleur escreveu:Vi aqui que pode fic antiga, então...
Nome da Fic: Sanctuary
Link: aqui
Item: Sorriso
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Miih- Laranja 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Nome da fic: Cisma
Item: Cisma (sorry, not sorry, não consegui achar outro nome)
Link: AquiTeddy e Victoire conversavam animados em um canto da sala de estar. Do outro lado, Rose encarava os dois de cara fechada. Ela ouvira muitas vezes de sua prima que nada mais havia entre eles, mas os sorrisinhos e as trocas de olhares refutavam o discurso. Nervosa com a situação, Rose decidiu tomar uma atitude. Demorou alguns minutos, pensando em qual seria a melhor forma de separá-los e assim que viu o pequeno Louis descer correndo as escadas, sorriu e foi em direção a ele.
- Ei, baixinho, o que acha de me ajudar a irritar a sua irmã? – Ela perguntou em tom de brincadeira fazendo com que o Louis abrisse um largo sorriso. Nada o divertiria mais.
- O que tem em mente? E o que eu ganho com isso? – Ele perguntou de volta e Rose rolou os olhos. Para uma criança, ele era irritantemente esperto.
- Eu te dou cinco sapos de chocolate para sair correndo e se pendurar em Vicky. Sapos extras se conseguir fazê-la gritar!
Não foi preciso falar mais nada. Louis saiu correndo o mais rápido que pode e pulou na irmã, tentando montar em suas costas. Victoire bufou, nervosa, e começou a tentar afastar o irmão, que continuou insistindo até que ela começasse a gritar. Ele virou e piscou para Rose, ato que não passou despercebido por Vic. Ted, tentando evitar uma briga entre os irmãos, tirou Louis de cima dela e insistiu para que fossem brincar no jardim. Eles saíram e no instante seguinte Victoire Weasley marchava em direção a Rose. Ela puxou a prima pelo pulso e subiu as escadas sem olhar para trás. Rose ao mesmo tempo arrependida e feliz.
- O que pensa que está fazendo? – Sibilou Victoire assim que fechou a porta de seu quarto. Rose percebeu que estava com problemas, mas manteve a pose e revirou os olhos.
- O que faço ou deixo de fazer não lhe diz respeito. Nem tudo gira em torno de você, sabia? – Desdenhou Rose, fazendo a outra bufar.
- Ah, entendi. Louis simplesmente resolveu pular em cima de mim e interromper rudemente minha conversa com Teddy? – Rose deu de ombros e Vic continuou. - Esse seu ciuminho de criança já está ficando insuportável! Você cisma em implicar com o Ted!
- Não estou com ciúmes, Vicky e não cismo com Ted. Por que o faria? Não há mais nada entre vocês, não é o que você sempre diz? – Ironizou Rose, cruzando os braços e encarando a prima em desafio. - Além do mais, não tenho motivo nenhum para ter ciúmes.
- Que bom, porque já faz um tempo que eu venho querendo te contar que Ted e eu estamos juntos de novo!
Rose caiu no blefe e sua expressão se entristeceu, ainda que ela tentasse evitar.
- É sério isso? Mas você não dizia que nunca mais quer... – Rose começou um longo discurso, que foi interrompido por Victoire que sorriu docemente e se aproximou, roçando os lábios nos da prima.
- É claro que não. – Respondeu Vic dando uma risadinha nervosa. - Afinal, eu meio que estou a fim de outra pessoa.
Vic abriu a porta do quarto e desceu as escadas silenciosamente, enquanto Rose encarava a parede do corredor com um sorriso abobado.
Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Gente, pode antiga? Sério?
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
SÉRIO.FlaDoomsday escreveu:Gente, pode antiga? Sério?
Quantas produções, gente! Tô amando tudo. Pensei de um fanmix quando der a meta ou passar, cês topam?
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
SIM! Total topo...Miih escreveu:SÉRIO.FlaDoomsday escreveu:Gente, pode antiga? Sério?
Quantas produções, gente! Tô amando tudo. Pensei de um fanmix quando der a meta ou passar, cês topam?
Aí que felicidade, já que pode, então vai mais uma aí:
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FlaDoomsday- Laranja 2
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
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Item: Crise de Identidade
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E reserva pra mim por favor o item sorvete que tive um plot bem lindinho *-*
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
FlaDoomsday escreveu:SIM! Total topo...Miih escreveu:SÉRIO.FlaDoomsday escreveu:Gente, pode antiga? Sério?
Quantas produções, gente! Tô amando tudo. Pensei de um fanmix quando der a meta ou passar, cês topam?
Que amorzinho ver esse projeto rendendo tão bem!! Topo o fanmix também
Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Vou comentar aqui mesmo pq a fic da Rebeca não tem link e a da Arya é AO3 e eu não tenho conta lá.
Better, by Fla
QUE COISA TÃO LINDA TE VER ESCREVER PINHÃO, MOLIER. NÃO PARE NUNCA.
Fuso-Horário, by Rebeca Dua
Pq vc faz isso comigo?! Que coisa tão linda e triste,cacete
Bom dia, Harry, by arya.b
Eu sei que sou a única pessoa do universo que adorou o Harry em Cursed Child pq eu sempre imaginei ele crescendo e se tornando alguém vazio e sua fic simplesmente captou todo o vazio que imagino que ele sinta e que sua vida se tornou. Escreva mais assim, please. Ficou muito real.
Fim de Tarde, by Miih
PARA TUDO QUE A MIIH ESCREVEU UMA FANFIC
“ Albus, eu NÃO vou admitir que você diga isso!” - falou Ginny.
“ Claro que não! Porque a senhora aceitou viver ao lado de uma pessoa indiferente. Vocês se gostam? Ou melhor, meu pai gosta de você? Ou ele só se casou por gratidão…” - Albus foi interrompido.
alguém traga um oscar para esse rapaztragam dois para o caso dele perder o primeiro
a.d.o.r.e.i. essa frase me representa. Sim, Albus, foi pena
Swan- Vermelho 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Nome da fic: Vanilla
Link: ff.net nyah spirit
Itens: Sorvete, Declaração de Amor
Ship: Scorpius Malfoy/Albus Potter
Gênero: Romance/Friendship
Rating: K+
Link: ff.net nyah spirit
Itens: Sorvete, Declaração de Amor
Ship: Scorpius Malfoy/Albus Potter
Gênero: Romance/Friendship
Rating: K+
Vanilla
Scorpius Malfoy era, desde que conseguia se lembrar, um garoto certinho, como seu melhor amigo Albus Potter gostava de chamar. Embora aquilo, na opinião de Scorpius, fosse um elogio, ele sabia que o amigo dizia como provocação. Ele nunca se importou muito, afinal, o que haveria de tão errado em um pouco de ordem e segurança? Qual era o grande problema dele arrumar suas coisas por um sistema de cores? E daí se ele era misofóbico? Isso é realmente perigoso, não se sabe onde as pessoas andaram passando a mão o dia inteiro, não se pode simplesmente sair apertando as mãos de todo mundo a torto e a direito, ele dizia isso a Albus, mas o amigo simplesmente gostava de ignorar seus avisos, e gostava ainda mais de passar as mãos pelo rosto de Scorpius logo após, só pra implicar. Por Merlin, sabe-se lá qual foi a última vez que ele lavou as mãos, que bom que ele sempre levava consigo um frasquinho de álcool em gel. Isso sempre fazia Albus rir ainda mais.
Lá pelo terceiro ano, Albus decidiu que o amigo precisava de mais emoção em sua vida e para o completo horror de Scorpius, inscreveu os dois nos testes do time de quadribol, obviamente, ele poderia simplesmente se negar a ir e pronto, aquilo era um absurdo, sair montando em vassouras, bolas voadoras que podem quebrar sua cara, um disparate, mas Scorpius bem sabia que havia muito pouca coisa que ele não faria quando Albus pedia com aquela carinha de cachorro sem dono e sorriso com covinhas. Dito e feito, semanas depois, lá estavam eles, batedores do time da Sonserina, o loiro tremia só de pensar na quantidade de germes que haveria naqueles bastões, que passavam de mão em mão há tantos anos, mas então ele via o sorriso de partir a cara de empolgação do amigo e decidia que não era motivo de pânico, um simples feitiço desinfectante resolveria seu problema e ele faria Al feliz, isso era o importante afinal.
Naquele mesmo ano, começaram as visitas a Hogsmeade e o início de toda uma nova gama de preocupações e dores de cabeça para Scorpius, a falta de cuidado de Albus com a higiene básica o deixava de cabelo em pé, ele assistia em horror enquanto o moreno deixava escorrer sorvete derretido pelos dedos para depois lambê-los ou pegava frutas direto do pé e as comia sem lavar, como o garoto ainda não morrera de sepse ele não saberia explicar, tudo bem, talvez isso fosse muito exagero, mas ainda assim era perturbador. Tomar sorvete juntos em Hogsmeade acabou se tornando uma tradição deles, Albus sempre escolhia um sabor diferente, ás vezes dava certo, ás vezes não dava e ele tinha que jogar tudo fora porque o gosto era horrível, Scorpius simplesmente não entendia por que ele não escolhia um sabor que sabia que gostava e pronto, assim não correria o risco, ele mesmo havia elegido o sabor baunilha já na segunda vez, depois de experimentar um de morango e ver que não era lá muito do seu gosto, desde então, sempre pedia de baunilha, era seguro, funcionava.
- Eu não sei por que você continua com isso, que ideia mais ridícula, Al, qualquer imbecil saberia que sorvete de milho é horrível. – Disse o loiro exasperado, enquanto o outro fazia cara feia já na primeira lambida e jogava o sorvete praticamente intocado na lata de lixo, sinceramente, eles já estavam no sexto ano, na opinião de Scorpius, três anos eram tempo suficiente para escolher um sabor preferido.
- Não, Scorp, eu não saberia, não com certeza, sem ter experimentado, eu só poderia supor que é ruim. – Concluiu o moreno, bom havia certa lógica nisso, na verdade. – Só por que é diferente, não significa que é ruim. – Concluiu ele, e Scorpius não pôde deixar de notar que ele soava triste.
- Claro, Merlin livre Albus Potter de supor alguma coisa. – Ironizou ele, na verdade não tinha argumentos contra a declaração de Al, mas ele não era de dar o braço a torcer, além do mais, o tom dele havia deixado-o desconfortável.
- Sabe, Scorpius, um dia você vai descobrir que na vida existem sabores mais excitantes do que baunilha, você deveria experimentar mais. – Declarou ele exasperado, e Scorpius teve a leve impressão de que aquilo não se tratava mais de sorvete.
Aquilo o deixou encucado pelo resto do dia, o que será que Al quis dizer com aquilo? E por que o amigo parecia tão chateado com ele? Ele com certeza não conseguiria dormir naquela noite, a conhecida sensação de pedras de gelo no estômago e gosto amargo na boca se fazia presente, sempre quando Albus se chateava com ele, isso tinha acontecido apenas duas vezes naqueles seis anos, e Scorpius se lembrava desses episódios como alguns de seus piores momentos, saber que o outro estava triste com ele chegava a lhe doer fisicamente.
Doía tanto porque, no fundo, Scorpius Malfoy tinha um segredo, talvez o segredo mais bem guardado de todos, protegido a sete chaves estava o fato de que ele era, sempre fora e sempre seria completamente apaixonado por Albus Potter. Em sua defesa ele não tinha muito a dizer, exceto que era mesmo meio impossível não se apaixonar por alguém com um sorriso tão lindo e olhos tão verdes, mesmo que esse alguém fosse outro garoto e ainda por cima seu melhor amigo. Ele evitava pensar muito nisso, ou pelo menos tentava, tinha pavor de que o amigo descobrisse alguma coisa e se afastasse dele, afinal, era melhor tê-lo como amigo do que não tê-lo de jeito nenhum.
Ele ás vezes chegava a pensar no que aconteceria se ele algum dia criasse coragem para contar tudo a Al, havia a possibilidade de ele ficar furioso e simplesmente não querer mais saber dele, muito pouco provável, Albus era um garoto muito compreensivo e gentil, nunca seria grosso de propósito, seria mais provável que ele o recusasse gentilmente e dissesse que tudo ia ficar bem, mas Scorpius saberia que as coisas sempre seriam diferentes na amizade deles. Obviamente, existia a possibilidade, mesmo que pequena, de que tudo isso fosse recíproco e de que eles ficassem juntos, mas Scorpius era pessimista demais para apostar nisso, cuidadoso demais para correr o risco.
Nesses momentos, ele desejava ardentemente ser mais como Al, ousado e aventureiro, otimista, se tivesse pelo menos um décimo da coragem do amigo, já teria falado com ele, ele sabia que já estavam no fim do sexto ano e que ano que vem seria seu último ano em Hogwarts, o último ano em que estariam ao alcance de um sussurro caso precisassem conversar sobre alguma idiotice qualquer no meio da madrugada, depois as coisas mudariam, eles não se veriam mais todos os dias, corujas não eram a mesma coisa, ele sabia, infelizmente a realidade era que depois da escola as pessoas simplesmente crescem separadas. Pensar nessas coisas fazia seu estômago afundar.
O dia já estava claro quando ele decidiu que faria algo totalmente impróprio dele mesmo, falaria com Albus, o moreno não queria que ele ousasse mais? Pois bem, ele iria fazer o que ele queria então, ele sempre fazia. Ele tinha decidido que o momento da verdade seria depois que todas as aulas terminassem, na sala precisa, mandou um bilhete ao amigo na aula de transfiguração pedindo que ele o encontrasse lá, pois tinha algo para contar a ele, Scorpius sabia que curioso como só ele, Al não se recusaria a ir. O loiro não se lembrava de um dia letivo que tivesse demorado tanto a passar, estava na aula de aritimancia, a única aula que tinha sem Albus, achando que só sairia de lá quando fosse provado que a terra era quadrada quando a Profª Vector finalmente anunciou o fim da aula.
Ele estava agora na sala precisa andando nervosamente de um lado para o outro, ele quase sorriu ao pensar que Al provavelmente já teria ralhado com ele e dito que ele faria um buraco no chão se não parasse, curiosamente, Albus era exatamente o motivo de seu descontrole, o garoto estava atrasado, como sempre, que maldita mania ele tinha de nunca chegar no horário combinado e Scorpius nunca conseguia nem mesmo brigar com ele por isso porque ele sempre vinha com aquela carinha de cachorro pidão pro lado dele então ele sempre acabava relevando, mas justo hoje? Justo hoje ele tinha que se atrasar? Ah, por Merlin, como se ele já não estivesse nervoso o suficiente. Seu coração quase saiu pela boca quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
- Está atrasado. – Soltou sem conseguir se refrear.
- Eu sei, desculpe, Scorp. – Respondeu ele com uma vozinha manhosa e aquela cara. Ótimo, já estava trapaceando.
- Tudo bem. – Foi tudo o que o loiro conseguiu dizer, estava apavorado, o risco era grande demais e o fato de ele ter aceitado corrê-lo ia totalmente contra a sua natureza, aquilo poderia acabar com tudo.
- E então, o que você queria me contar. – Perguntou o moreno, sem conseguir disfarçar sua evidente curiosidade. As mãos de Scorpius suavam e ele não se lembrava de já ter estado tão assustado na vida. Ele chegou a abrir a boca algumas vezes, mas o som não saía. – Scorp? Está tudo bem? – Perguntou o amigo, agora visivelmente preocupado.
- Não. – Ele finalmente conseguiu responder. – Não sei...
- Desculpe pelo que eu disse ontem, Scorp, eu não quis ser grosso com você. É só... Esquece. – Concluiu ele com um suspiro exasperado. Ele soava extremamente chateado e aquilo deixou Scorpius muito preocupado.
- Al, você falou sério quando disse que não se pode dizer que não gosta de algo se não experimentar e que nem sempre o que é diferente é ruim? – Perguntou ele com a voz trêmula, finalmente tomando coragem.
- Claro. – Respondeu o outro meio desconfiado, o fantasma de um sorriso bailando nos lábios.
- Bem, Al, eu... – Ele tentou, mas parecia que as palavras se embolavam em sua boca, resolveu tentar de um jeito diferente. – Al, eu tenho um segredo, um segredo que eu nunca te contei. – Confessou ele.
- Você não confia em mim? – Perguntou o outro, não com raiva, apenas curioso.
- É claro que eu confio em você, o problema não é esse. Eu tenho medo de como você vai reagir. Você vai me odiar. – Concluiu ele, expondo naquela frase o seu medo mais profundo.
- Scorp, sério, eu não consigo pensar em nada no mundo que me faria odiar você. – Afirmou ele, pegando a mão direita do amigo nas suas. – Scorp, você está gelado e tremendo, o que está acontecendo?
- Albus, eu amo você. – Despejou ele de uma vez, lembrava-se de uma vez ter ouvido alguém dizer que doía menos quando se arrancava o band-aid de uma vez, por mais que sangrasse, era rápido, ele não fazia ideia do que diabos seria um band-aid, mas a analogia parecia caber bem na situação. Ele não se atrevia a encarar o amigo nos olhos, o silêncio era denso e quase sólido, a sensação era de que o resto da sua vida estava suspenso em uma linha muito fina, que poderia ser arrebentada por Albus a qualquer momento, a estranheza da situação se esticava desagradavelmente, como um elástico velho demais, ele não conseguia respirar. Sentiu os dedos longos do outro em seu queixo, o obrigando a encará-lo, ele fechou os olhos.
- Scorp, olhe pra mim. – Ele fez o que Al queria, sempre fazia. – Eu também tenho um segredo. – Afirmou ele se aproximando, o coração do loiro a ponto de explodir. – A verdade mesmo é que, meu sorvete preferido é o de baunilha, desde a primeira vez, Scorp, pra sempre. – Concluiu ele, estava muito perto agora, podia sentir o calor do hálito dele em seus lábios, sabia que ele ia beijá-lo, algum canto minúsculo de sua mente o alertou para o fato de que beijos eram um sacrilégio contra a higiene, mas quando ele sentiu o gosto dos lábios de Albus, honestamente, ele não poderia se importar menos.
Mariana Blackbird- Laranja 3
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
"- Sabe, Scorpius, um dia você vai descobrir que na vida existem sabores mais excitantes do que baunilha, você deveria experimentar mais. – Declarou ele exasperado, e Scorpius teve a leve impressão de que aquilo não se tratava mais de sorvete."
AI MEU MERLIN, CÊ MATA O MENINO ALBUS
"lembrava-se de uma vez ter ouvido alguém dizer que doía menos quando se arrancava o band-aid de uma vez, por mais que sangrasse, era rápido, ele não fazia ideia do que diabos seria um band-aid, mas a analogia parecia caber bem na situação."
AUHSUHAUHUAHUSH muito boa, gostei.
Awnt, gente, que fofo *-*
Adorei sua fic!
AI MEU MERLIN, CÊ MATA O MENINO ALBUS
"lembrava-se de uma vez ter ouvido alguém dizer que doía menos quando se arrancava o band-aid de uma vez, por mais que sangrasse, era rápido, ele não fazia ideia do que diabos seria um band-aid, mas a analogia parecia caber bem na situação."
AUHSUHAUHUAHUSH muito boa, gostei.
Awnt, gente, que fofo *-*
Adorei sua fic!
Swan- Vermelho 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Swan escreveu:"- Sabe, Scorpius, um dia você vai descobrir que na vida existem sabores mais excitantes do que baunilha, você deveria experimentar mais. – Declarou ele exasperado, e Scorpius teve a leve impressão de que aquilo não se tratava mais de sorvete."
AI MEU MERLIN, CÊ MATA O MENINO ALBUS
"lembrava-se de uma vez ter ouvido alguém dizer que doía menos quando se arrancava o band-aid de uma vez, por mais que sangrasse, era rápido, ele não fazia ideia do que diabos seria um band-aid, mas a analogia parecia caber bem na situação."
AUHSUHAUHUAHUSH muito boa, gostei.
Awnt, gente, que fofo *-*
Adorei sua fic!
Obrigado hehehe
Mariana Blackbird- Laranja 3
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Gente, que tudo! Acho que vai passar.
Miih- Laranja 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Barb escreveu:Arya, que fic foda amei.
Swan escreveu:Bom dia, Harry, by arya.b
Eu sei que sou a única pessoa do universo que adorou o Harry em Cursed Child pq eu sempre imaginei ele crescendo e se tornando alguém vazio e sua fic simplesmente captou todo o vazio que imagino que ele sinta e que sua vida se tornou. Escreva mais assim, please. Ficou muito real.
obrigadaa!
Swan escreveu:Fim de Tarde, by Miih
PARA TUDO QUE A MIIH ESCREVEU UMA FANFIC
“ Albus, eu NÃO vou admitir que você diga isso!” - falou Ginny.
“ Claro que não! Porque a senhora aceitou viver ao lado de uma pessoa indiferente. Vocês se gostam? Ou melhor, meu pai gosta de você? Ou ele só se casou por gratidão…” - Albus foi interrompido.
alguém traga um oscar para esse rapaztragam dois para o caso dele perder o primeiro
a.d.o.r.e.i. essa frase me representa. Sim, Albus, foi pena
Essa frase ficou sensacional mesmo!!
Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Olá gente, sou nova aqui (na verdade de me registrar k). Eu queria saber se tem alguma regra pra escrever? E como sou nova nesse mundo, alguém que me dê algumas recomendações.. PLEASE. E as histórias são maravilhosas, parabéns.
Paulinha m.- Vermelho 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
acho que agora só falta uma pra bater a meta
Mariana Blackbird- Laranja 3
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
paulinhamrs3 escreveu:Olá gente, sou nova aqui (na verdade de me registrar k). Eu queria saber se tem alguma regra pra escrever? E como sou nova nesse mundo, alguém que me dê algumas recomendações.. PLEASE. E as histórias são maravilhosas, parabéns.
Oie, então, na primeira mensagem tem todas as regras e é só seguir direitinho, não tem mistério...
FlaDoomsday- Laranja 2
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
paulinhamrs3 escreveu:Olá gente, sou nova aqui (na verdade de me registrar k). Eu queria saber se tem alguma regra pra escrever? E como sou nova nesse mundo, alguém que me dê algumas recomendações.. PLEASE. E as histórias são maravilhosas, parabéns.
Oi, então... Não tem segredo, é bem light. Lá no primeiro post - como a Fla falou - tem as regrinhas. Mas basicamente, você só pode escrever fics de HP, não precisa ser necessariamente Cursed Child, pode ser com os outros livros. Você escolhe uma imagem ou um item que queira, e baseie-se nele para escrever.
Miih- Laranja 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Miih escreveu:paulinhamrs3 escreveu:Olá gente, sou nova aqui (na verdade de me registrar k). Eu queria saber se tem alguma regra pra escrever? E como sou nova nesse mundo, alguém que me dê algumas recomendações.. PLEASE. E as histórias são maravilhosas, parabéns.
Oi, então... Não tem segredo, é bem light. Lá no primeiro post - como a Fla falou - tem as regrinhas. Mas basicamente, você só pode escrever fics de HP, não precisa ser necessariamente Cursed Child, pode ser com os outros livros. Você escolhe uma imagem ou um item que queira, e baseie-se nele para escrever.
Entendi, queria muito o tema "Sorriso", mas vi que já escreveram sobre ele, tem problema? Obrigada pelas informações <3
Paulinha m.- Vermelho 4
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Re: Voldemort Day - O Projeto. [19/15] [Finalizado]
Sem problema algum, fique à vontade.paulinhamrs3 escreveu:Miih escreveu:paulinhamrs3 escreveu:Olá gente, sou nova aqui (na verdade de me registrar k). Eu queria saber se tem alguma regra pra escrever? E como sou nova nesse mundo, alguém que me dê algumas recomendações.. PLEASE. E as histórias são maravilhosas, parabéns.
Oi, então... Não tem segredo, é bem light. Lá no primeiro post - como a Fla falou - tem as regrinhas. Mas basicamente, você só pode escrever fics de HP, não precisa ser necessariamente Cursed Child, pode ser com os outros livros. Você escolhe uma imagem ou um item que queira, e baseie-se nele para escrever.
Entendi, queria muito o tema "Sorriso", mas vi que já escreveram sobre ele, tem problema? Obrigada pelas informações <3
Miih- Laranja 4
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